
A orientação do governo de que a população restrinja ao máximo a saída de suas casas, principalmente aqueles qualificados como grupo de risco*, foi recebida por muitos de maneira bastante equivocada e isso pode custar muito caro a nós mesmos. Este Isolamento Social é uma das maneiras de se controlar a curva de crescimento do contágio do novo coronavírus nas populações e não deve ser encarada como um período de férias ou como uma arma de autoritarismo governamental. Entendamos a importância de cumprirmos esta orientação.
Mediante uma situação de Pandemia, como a que estamos vivendo com o Covid-19 (que se estende do mundo à nossa cidade), o controle epidemiológico para frear o processo de transmissão e contaminação pelo novo coronavírus envolve medidas populacionais e individuais. O que muitas pessoas não entenderam ainda é a proporção que burlar essas medidas pode nos proporcionar, ou seja, as consequências de não adotarmos uma medida individual é extremamente diferente das consequências que podemos enfrentar quando uma minoria de pessoas por exemplo, opta por não acatar as medidas populacionais, como o Isolamento Social.
O Brasil teve a chance de começar a enfrentar a pandemia após alguns países como a China, Itália e Coréia do Sul e isto nos deu opções de olhar o que os outros fizeram que deu e o que não deu certo. Os casos confirmados na China entre o início da pandemia em dezembro e 19 de março foi de 74.639; destes morreram 3.245.
Já na Itália, entre 18 e 20 de março foram registrados cerca de 500 mortes a cada 24 horas, o que traz um total de 4.032 vítimas fatais só neste curto espaço de tempo, ultrapassando os números de mortes na China (que foi onde tudo começou, ainda em 2019).
Qual a primordial diferença entre China e Itália que impactou nestes resultados tão diferentes? Entre os diversos motivos políticos, econômicos e socioculturais, vamos simplificar para: o cumprimento das medidas populacionais e individuais foram diferentes nestes dois países. O Isolamento Social é hoje a medida populacional mais barata e de altíssima eficácia no combate à pandemia. É mais barato do que fazer grandes estoques de alimentos e medicações não prescritas em casa, mais eficaz do que comprar litros de álcool gel e usar luvas e máscaras dentro de casa enquanto se faz uma reunião familiar para “almoçarmos todos juntos enquanto não precisamos sair para trabalhar”.
A premissa mais importante do isolamento social é: quem já se contaminou com o vírus e sarou, não transmita para aqueles que ainda não se infectaram (Todos os pacientes contaminados e doentes DEVEM ser isolados).
A capacidade de transmissão do novo coronavírus é diretamente relacionada a mobilidade destes pacientes contaminados (que estão sintomáticos ou não), ou seja, quanto mais estas pessoas contaminadas circulam (seja nas ruas, seja no seu prédio, no supermercado ou na reunião familiar ou com amigos) mais esse vírus é transmitido a outras pessoas. Já se sabe que 80% das transmissões acontecem desta forma – porque pessoas contaminadas (volto a dizer: sintomáticas ou não) circulam e transmitem às outras pessoas e somente 20% desta transmissão é capacidade do vírus mesmo de espalhar.
Outra questão importante de se entender é que se todos ficarem doentes ao mesmo tempo o sistema de saúde (seja ele privado ou público) não vai suportar. Não temos recurso suficiente para atender uma população inteira doente, nos diversos graus de gravidade que a Covid-19 pode apresentar. O Isolamento Social se faz também importante para dar tempo aos que já estão doentes e sintomáticos se curarem, para os que estão graves precisando de atendimento hospitalar também melhorem e receberam alta dos hospitais e para os que não foram contaminados ainda, demorem ao máximo o contato com o novo coronavírus, porque não se pode prever qual será a apresentação do Covid-19 nesta pessoa e pode ser que ele precise de suporte hospitalar para se curar.
A nossa intenção não é trazer pânico ou medo social, é trazer conscientização e responsabilidade nas nossas ações, fazendo com que todos entendam o seu papel neste combate contra a pandemia. Sejamos racionais para cumprir as orientações individuais e populacionais, sabendo que os nossos atos mudam e implicam diretamente na evolução desta pandemia na nossa casa, na nossa cidade, no nosso país e no mundo.
Sua atitude tem valor e pode sim mudar o rumo da nossa história.
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